O silêncio do Poeta
O silêncio do Poeta se dissolve se mistura e no fundo, bem lá no fundo d’ alma é possível ouvir um eco ressoando baixinho. São algumas lágrimas que se perderam das outras e retratam a dor sentida, banhando a solidão. A solidão que sai pela madrugada afora sem destino à procura de um ombro amigo para acolher o seu sofrer. Tudo que naquele momento estava pesando e não encontrava forma para se desvencilhar.
E sob a inspiração da amada, o poeta descreve em versos todo sentimento de sua partida e foge em busca de um cantinho pra afagar sua melancolia. De tanto amor, às vezes sente que não se cabe mais. Esse amor é fantástico, envolvente, contagiante, um mundo de magia sem precedente. E adormecendo, a alma do poeta vai em busca do amor que se aloja em lugar bem especial. É como se sonhasse acordado, na esperança de que a amada virá a seu encontro, como nos contos de fada, com ao menos um toque ou um gesto e o amanhecer será ainda mais bonito e duradouro.
Paradoxal, nesse silêncio ouço vozes! Vejo imagens de momentos que são lembranças. Momento seguinte, tudo parece desaparecer como se nada tivesse acontecido. Minha amada, quando te amo, sinto que chego a Deus! É um instante mágico, incomparável, de gozo físico e mental. Depois, reina o silêncio, sob o qual me entrego e me despeço da noite para que a lua reine e o meu despertar demore acontecer.
Noite feliz que trabalha enquanto seus filhos dormem e descansam. Suas magias e encantos viajam e se perdem e o horizonte fica ainda mais belo com o espetáculo das estrelas que trocam de lugar, se misturam e exibem seu brilho inigualável e maravilhoso. Segredos que nem o tempo, seja o quanto for, poderá desvendar o tanto e o quanto que se faz criar.
Este mundo é dos poetas apaixonados que vivem o amor e o transforma em instrumento de trabalho, a poesia, pois que demonstram através da solitária pena branca o registro num silêncio quase que fúnebre, de todo sentimento, que um dia se fez, se sentiu e se desfez em lágrimas.
São nas lágrimas de um poeta que se vê o que se não se pode ver naturalmente e que sente o que não se pode sentir normalmente. Os poetas são filhos da alma do amor que não se pode tocar, mas pode-se sentir; são bravos guerreiros que não se rendem ao fracasso da batalha de um relacionamento desfeito; são mensageiros da paz levando por onde passam a harmonia e a união, regadas sempre com o mais puro amor.
Na solidão do poeta, se busca aquilo que não se sabe explicar. É coisa da alma que não consegue se associar a um mundo tão desigual e que por mais que se entendam as razões de cada SER, desde sua formação até a sua finalização, ainda assim, as indefinições habitam o imaginário. Os espíritos do amor me tocam neste momento e eu vivo a mergulhar a minha dor, em prantos e sentindo todo calor da matéria cansada e desgastada pelo tempo, mas que jamais apaga todo sentimento que um dia foi compartilhado pelas amantes previamente escolhidas para uma breve troca de experiências.
Os espíritos do amor estão sempre em alto astral, porque não sente a dor, que sentimos quando passamos por aqui. Mas alguns se entristecem quando vêem um grande amor se perder e não ser correspondido. Os poetas ainda conseguem manter viva a chama do amor verdadeiro para que seja contemplado em outras dimensões. Os poetas dão vida ao amor que está morrendo, trazem de volta o amor que está partindo e curam a dor do amor que está doente. Benditos poetas!