Zé Gordo e Suas Cabritinhas
Zé Gordo é um fazendeiro
Que anda com os bolsos estufados
Quado ele vê as mocinhas
Se sente todo empolgado.
Elas também se empolgam
E correm para o seu lado
Em coro lhes cumprimentam
"Tarde ! Sr Zé gordo !
Nóis qué sentá do seu lado."
Zé gordo então lhes responde:
"Carma minhas frozinha !
Uma dê cada veis
Zé Gordo agora tá véio
E anda munto cansado.
Mai perto doceis fico novo
Só temo qui tomá cuidado
É cum a língua desse povo
Qui fala cumo uns danado.
Oceis tá veno esse borso ?
Esse borso estufado
Ta lotado dê dinhero
Pra lhes fazê um agrado.
Mai nesse borso dê cá
Ocêis num mexe não
Esse é das comprinha dê casa
Que sustenta a muié
Que me ajuda a ganhá
Esse grande dinherão."
Uma das mocinhas lhe diz:
"Há ! Sô Zé Gordo
Ocê tem qui falá isso agora ?
Nóis num tem curpa
Socê dexô in casa
Uma muié tão simprora !
Se qué se senti amado
Vai tê qui esquecê da muié
Qui tá te dexano enricado."
Zé Gordo empina o peito
Se sente todo empolgado
"Venha cá minhas frozinha !
É agora qui o Zé gordo
Vai se senti muito amado !"
As mocinhas se animam
Pulam no bolso do Zé gordo
Gritam...
E sorriem um bocado.
Em meio a tanta euforia
Zé Gordo nem percebe
Que naquele momento passa,
O seu amigo Zacarías.
Mas Zacarías para
Começa a observar...
E cumprimenta o amigo.
"Tarde, amigo Zé gordo !
Cumo vai sua famia ?
Tô ino agora pra lá
Tratei ca Dona Juana
De lhe ajudá muncado.
A pobre tá pricisano
De uma ajuda no roçado
Tratô cumigo pra hoje
Pro modi sabia qui ocê
Tinha qui ir no mercado."
Zé Gordo fica espantado
Coloca a orelha em pé
Começa a coçar a cabeça
Sem conseguir entender
A ajuda do Zacarías
No roçado da sua mulher.
Mas logo Zé Gordo acorda
E grita pro Zacarías
"Ispera aí meu amigo
Vô lhe ajudá no roçado.
Tenho que sarvá minha fazenda...
É dela que tiro o sustento
Para as minhas cabritinha
De modo qui já vô ino .
Inté ! Meninas frozinha..."
E as meninas lhes responde:
"Inté, Sr. Zé Gordo!
Vorta aqui num otro dia
Qui nois te paga ô agrado
Com munta... Mai munta aligria !
Maria Lamanna
Rio Preto-MG