De nada adianta não dizer o que sinto se em tudo que faço transparecem meus sentimentos.
Em cada gesto meu, aquilo que penso estar oculto, grita selvagemente.
Se disser que aceito é porque não aceitar não reverterá fatos imutáveis.
Entre um momento e outro de desmoronamento ocorre uma anestesia que me leva a delirar, e é aí que estou pretendendo existir, mas os destroços estão presentes e impossíveis de serem ignorados.
Dou-me a luxo de tentar entender por quais motivos um desmoronamento atrai e causa outros, como efeito dominó.
Talvez aquilo de “não deveria ter saído da cama hoje” seja mais que uma frase, talvez eu não deva sair da cama hoje por tempo indeterminado.
Não adianta fugir de uma realidade que estará presente durante todo o meu tempo.
O fato é que não sou uma rocha, não sou um exemplo, não sou um ser evoluído espiritualmente, nada tenho destas grandezas supostas.
Eu estou sofrendo sim! Estou agoniada sim! Estou magoada sim! Estou sem entender sim!
E dói! Dói desastrada e selvagemente!
Então eu entrego todos os pontos e vou viver o que preciso e não posso fugir de viver.
Não quero mais anestesias de efeitos instantâneos, porque entre um momento e outro, o que existe de fato, é apenas um momento a mais, que tenho usado para exacerbar o que já é absoluto.