IMORTAL

Penso! E no meu pensar existem coisas que pra muitos inexistem. Tão bom ser diferente! Tão bom acreditar na gente! Penso nos poetas que se foram: "os imortais!" E eu, reles mortal, proseando sobre seus restos (mortais). Penso em Florbela, com sua angústia que lhe 'Espanca'. Com seu amor proibido... Penso! Porque pensar nos outros me alivia a alma, me aquieta o espírito. Mas penso assim, como nada quer, como nada sente e nada questiona, feito um amor desinteressado... É que minhas nódoas já foram lavadas junto com minhas íris, quando chorei cedinho. E o adeus de um grande amor que alguém ouve hoje não me dói em nada. Porque sou do regresso, não da partida. Sou do viver, ainda que morrendo. Hoje mesmo quase matei a morte de foice, quando tentava ceifar-me a alegria de um beijo do meu amado em pleno amanhecer. E a morte que se julgava única e verdadeiramente imortal agora chora. Porque estou aqui, gargalhando, enquanto lhe cutuco a bunda com espinhos de mandacaru. Não é maldade minha, é merecimento dela!

Petrolina, 05 de março de 2012.

Maria Sza
Enviado por Maria Sza em 05/03/2012
Reeditado em 06/03/2012
Código do texto: T3535793
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.