Conjugo-te
Dado ao tempo que agora passou
E cá ficara as lembranças
Dado ao teu beijo insosso que ficou
Desvanece de dor a esperança
Então passo a conjugar o verbo sofrer
Apenas na primeira pessoa do singular
E assim poderia eu dizer
Que em dor, apenas assim posso expressar.
Fizeste amor, calha do meu ser
Que por um ser, se esvaiu
Então pouco me custa saber
Que dor, em ti não há, pois cá, ficou...
Assim, dado ao sofrimento cálido
Esqueço-me que não sei amar
Já que em meu rosto, desfeito, pálido
Amar fora sempre o meu intento, amar...
E tu, donde estás?
Narravas com convicção
Tuas "verdades" que chamou de sempre
Agora me veja só
Num pretérito imperfeito
Que ficou ausente
E percebo que cá, não desata o nó
Dado a alma, no plural
Nesta sina, que chamei presente.
Volto ao verbo, e tento conjugar
Mas ainda insisti em ter
Apenas a mim, num singular
O Eu, jamais há de ser Tu,
Nem Nós, talvez eles...
Hum, pouco importa.