A vida em cena
Eu vi a criança comendo o pão mofado pego no lixo
Vi a mãe em suspiros extasiados entre dois homens
Eu vi a criança sendo assassinada com um tiro na nuca
Vi o assassino dizer rindo que mataria novamente
Eu vi o jovem sendo eletrocutado enquanto trabalhava
Vi aquele que ligou a corrente elétrica dançando alegre
Eu vi o homem desesperado procurando pedacinhos de crack
Vi tantas crianças abusadas que quase pensei ser normal
Vi homens agitando bíblias no ar e sacos cheios de moedas suadas
Eu vi onde decidiram quem seria o “laranja” e como seria esmagado
Vi o menino embriagado atropelando o velho indo para a roça com sua pá
Eu vi o moço desconhecedor de limites entre grades da prisão
Vi a boca praguejando contra o seio que a alimentou
Eu vi a mãe ardendo em febre por seus seios cheios de leite
Eu vi a criança chorando horas desesperada de fome
Vi compressas para aliviar a dor de não ter seios caídos pelo leite negado
Eu vi o casal jurando amor eterno na entrada da casa de swing
Vi olhos me olhando profundamente enquanto contavam mentiras
Eu vi a mulher com barro tampando os buracos em suas paredes
Vi a beleza das estrelas deitada num colchão de palha
Eu vi a fome plantada numa fazenda deserta de boa vontade
Eu vi a ex-gestante feliz pelo aborto feito recentemente
Vi o irreversível sendo praticado com plena consciência do ato
Eu vi a fumaça do asfalto, o calor do deserto e as geleiras
Vi demais, muito além do que queria e sou capaz de contar; estou cansada
Estou cansada, mas vi dentro de mim minha esperança e sonhos
...quase intactos, quase...
Eu vi a criança comendo o pão mofado pego no lixo
Vi a mãe em suspiros extasiados entre dois homens
Eu vi a criança sendo assassinada com um tiro na nuca
Vi o assassino dizer rindo que mataria novamente
Eu vi o jovem sendo eletrocutado enquanto trabalhava
Vi aquele que ligou a corrente elétrica dançando alegre
Eu vi o homem desesperado procurando pedacinhos de crack
Vi tantas crianças abusadas que quase pensei ser normal
Vi homens agitando bíblias no ar e sacos cheios de moedas suadas
Eu vi onde decidiram quem seria o “laranja” e como seria esmagado
Vi o menino embriagado atropelando o velho indo para a roça com sua pá
Eu vi o moço desconhecedor de limites entre grades da prisão
Vi a boca praguejando contra o seio que a alimentou
Eu vi a mãe ardendo em febre por seus seios cheios de leite
Eu vi a criança chorando horas desesperada de fome
Vi compressas para aliviar a dor de não ter seios caídos pelo leite negado
Eu vi o casal jurando amor eterno na entrada da casa de swing
Vi olhos me olhando profundamente enquanto contavam mentiras
Eu vi a mulher com barro tampando os buracos em suas paredes
Vi a beleza das estrelas deitada num colchão de palha
Eu vi a fome plantada numa fazenda deserta de boa vontade
Eu vi a ex-gestante feliz pelo aborto feito recentemente
Vi o irreversível sendo praticado com plena consciência do ato
Eu vi a fumaça do asfalto, o calor do deserto e as geleiras
Vi demais, muito além do que queria e sou capaz de contar; estou cansada
Estou cansada, mas vi dentro de mim minha esperança e sonhos
...quase intactos, quase...