O CIRCO MAMBEMBE

Pula, dança, requebra,

Faz graça, encanta,

Às vezes leva queda

E se quebra.

Não se emociona,

Mas causa emoção.

Não tem direito de opinar,

Somente obedece ao comando,

Em permanente manipulação.

Grande maestro; não sei.

Dramaturgo, talvez.

Diretor, com certeza,

Das marionetes em cena.

Manipulador de vidas,

Regente da orquestra das lamentações.

Diretor, produtor e platéia;

Da milenar tragicomédia,

Peça teatral sem fim para seu criador,

Detentor de todos os direitos autorais

E poderes, por si mesmo investidos.

São atores, apoio, figurantes,

Todos, um a um, saindo de cena

Para dar lugar a outros, estreantes,

No iluminado? palco esferóide.

E assim segue o circo mambembe,

Com todo o seu elenco.

Alguns com mais, outros com menos valor;

Não raciocinam, mas sonham e atuam,

Conforme seu talento;

Felizes portadores do castigo da dor.

A maioria, no entanto, é mera figuração,

Preenchendo os espaços vazios

Com pouca, ou nenhuma significação,

Pois o Diretor, assim quer

A grande massa errante, sem nenhum tino,

Seguindo apenas o tocar do sino,

Sem raciocínio próprio,

Somente seguindo o roteiro,

Apenas como parte acessória

Do grande cortejo circense,

Onde o Produtor é Diretor,

Dono e também Gerente.

Nova União – 2001 - Riedaj Azuos.