Meu pé de oliveira(jambolão)
Quando criança, lá para as bandas do Varjão , João Pessoa, onde passei a metade da minha infância. Era comum a meninada subir em árvores (sem dono) para comer dos frutos.Entrar no quintal dos outros para roubar, nem pensar...Só das ruas, estradas, praias e matas, ou em sítio quando era convidado.
No rio que cortava meu bairro, não era um rio com água apropriada para lavação de roupas, banhos nem tampouco para beber, devido os jumentos dos carroceiros se apossarem para os banhos , beber daquela água e lógico fazer as suas necessidades fisiológicas ali. Porém, criança é sempre criança, sem noção nenhuma, mesmo com recomendação negativa da mãe, teimava e fazia por impulso de travessura e por causa do calor imenso. Daí banhava-se ali.
Havia uma árvore frondosa na beirada do rio, um pé de oliveira, o fruto também tinha o mesmo nome, o mesmo (pé de jambolão). No meu pensar, era o meu pé de oliveira, todo pé de fruta que eu gostasse, era o meu favorito. Eram lá que as minhas irmãs, a meninada do bairro e eu, trepavam para chupar as oliveiras pretinhas de montão... Depois a gente apostava para ver qual a língua que ficava mais roxa e todos mostravam a língua. A que ficava com o tom mais roxo escuro, era porque tinha chupado mais oliveira.
Na minha cabecinha, era a mesma azeitona preta que eu comi numa empadinha, um dia pela primeira vez numa festa de rico, imaginei que era colocado nela muito sal, achava salgada....E não é que agora descobri que oliveira também era conhecida como “azeitona do nordeste”!?
Depois era a prova dos pulos dentro do rio, quem saltava mais rápido, depois o banho refrescante, para aquele calor infernal. Foi nesta brincadeira saudável que peguei “cistosoma” , assim a gente chamava esquistossomose, aliás, todo aquele que se arriscava tomar banho ali num rio poluído de caramujo, onde o verme colocava seus ovos lá, pegava pela sola do pé. A mãe da gente dava remédio, a gente sarava, depois... Tudo de novo.
Como era gostosa aquela frutinha preta!