AMOR EM PROSA
Eu gosto de amar. Tenho o amor em mim. Sou fruto do querer bem... Mas não sei gostar. Não sei prender ninguém. Talvez por prezar demais a liberdade, não sei. Eu penso no amor e logo imagino o respeito. Porque sei viver sem o primeiro, mas sem o outro não tem jeito... Queria um poema que encantasse meu amor. Procurei Florbela, Vinícius, Drummond... Fui à Lisboa, voltei ao Brasil, andei pelos tempos do Renascimento, do Romantismo. Revirei toda a literatura moderna e nada. Então fiz eu mesma a nossa canção. Foi quando alguém me disse: "és poetisa!" E essa afirmação se tornou meus acordes. Porque me apeguei a isso de tal modo que só meus dedos e meu violão são capazes de entender. Eu não sei falar do meu amor, mas sei sentí-lo muito bem. Posso descrever meu sentimento nos versos que escrevo, nas canções que canto, mas dizer 'eu te amo' é coisa que não me encanta tanto. Prefiro a demonstração sincera às palavras... Eu sei do teu amor. Acredito nele e isso me basta. Gosto da saudade! Ah, como eu gosto de sentir saudade! Tão bom 'matá-la'!... Essa coisa de estar junto o tempo todo me sufoca (Será que o amor me sufoca?). É que no amor sou andarilho errante... Hoje eu não quero saber de amor. Quero ir à Turquia, visitar o mais belo orquidário, colher 'só duas' tulipas e trazer para Nilson Octávio e Fábio Aiolfi. Deixar sobre suas mesas, sem versos e sem assinatura. Assim, feito uma saudade que não se explica. Porque em suas páginas encontrei tudo que eu queria ter escrito.
Petrolina, 29 de fevereiro de 2012.
(Para Aurelio, um poema 'em braile' escrito sobre seu corpo nu.)