POEMA DA DESPEDIDA (Espólio)
É a veia poética a pulsar versos em dilúvio
que belos não mais que existem
Mas jaz ainda na escrita lapidada feito diamante
por ourives dos próceres o mestre nasce.
Não fica, todavia, a espreita a águia na colina
e a presa dos campos e cerrados a bandeirante,
colibri voa e pousa sobre cáquito,
depósito do líquido que à terra não chega.
Nos oceanos cardumes transitam deuses outrora,
Atenas, cidade de protetora deusa guerreira batalha não foge
E cádmos guardam as portas de Tebana geografia,
não poderão avançar por mar que Poseidon não deixa.
Outros tantos embrenharam mata a dentro
e roçados os matagais clareira à vista,
cabana construída para o descanso matreiro,
no leito em palha morena possuída.
Um canto ruído lá longe
de onça ou pantera, ninguém saberia,
sabe-se apenas que ninguém olhos fechou
e o sol nasceu depois da noite de estrelas no céu.
E o ancião que passeia por lameda outrora jardins floridos,
deposita os olhos no jornal exposto na banca enfeitada.
E de garrafais manchetes aos olhos de todos expostos,
corpos nus desfilam em praia tropical.
É a conquista da liberdade tão sonhada
e, que jamais queiram intrigas de casa legislativa,
possam novos tempos e sonhos habitar multidões.
É a veia poética a pulsar versos em dilúvio,
alimento caro aos poetas que não sabem reter sentimentos.
E o coração que bombeia o escarlate líquido aos órgãos vitais,
guarda nessa morada mais que fortaleza,
aqueles que ama nessa vida que vive cada dia.
E chegado o fim da jornada tão cedo iniciada,
não lamenta nada porque sabe
que transitou nessa estrada de peito aberto e sem mágoas.