Era mesmo amor
Era amor. Aquele tipo em especial que as pessoas sonham e do qual escrevem novelas. E ela sabia disso - ah, e como sabia. Sabia principalmente pelo fato de não querer saber. De não querer sentir. Logo ela que achava o amor o mais patético dos sentimentos, o que mais devia ser evitado, estava apaixonada. Pateticamente apaixonada. O que ela podia fazer?
Ela estava deitada, olhando o teto, mas vendo muito além dele. Estava vendo um olhar - Mas não um qualquer. Aquele olhar. Aquele em especial que a fazia esquecer qualquer vestígio de mundo, de medos, dela mesma. Não tinha jeito.
E se tentava esquecer fechando os olhos, ora, era em vão. Em segundos, aquele rosto simplesmente aparecia através de suas pálpebras, fazendo seu coração bobo pular de alegria. “Acalme-se!”, repetia. Era um problema, não conseguia controlar seus sentimentos.
Mas o pior (ou, quem sabe, o melhor) era que esse problema tinha gosto de solução. De certo, de bem. E que ela talvez não quisesse que aquilo mudasse.
Quanta ironia! Ela sorria em pensar nas coisas que o destino - esse menino mimado - gosta de aprontar. “Mas e agora?” Se perguntava, mesmo já sabendo a resposta. Agora nada, mocinha. Ela sentia, com uma certeza doce, que devia ir em frente. Ir de alma e de coração, porque afinal, era mesmo amor.