JARDIM PERDIDO
No jardim malcuidado do coração
Ervas daninhas criaram fortes raízes
Sufocaram os brotos de sentimento
Ramos de hera e urzes na laje fria...
Não foram arrancadas a tempo
Parasitaram tuas forças e jazes exangue
Deprimente monturo a que te reduzes
Não há mais tempo, não há...
Devia ter lhe contado antes
Mas temia a lâmina de teu desprezo
Porém o corte chegou súbito, brutal
Indiferente, mortal!
Já não há sementes nem folhas
Que dirá flores e frutos
Os restos não servirão nem para húmus
Pois corromperão o solo onde se deitem!
Ressecada a seiva, estragados os grãos
Da safra do que sequer nasceu nada se colherá
Senão o amargo vazio do pó e da areia
Do tempo que escorre sem nunca passar!