A batalha de um poeta
“Uma caneta em mãos. Folhas de papéis em branco, logo a frente. Um coração entre destroços. Uma alma ferida. Ingredientes suficientes para se travar uma batalha.
E a guerra logo começa, palavras são atiradas com forças o papel, mas nada sensato se cria. Com uma letra quase ilegível começa a rabiscar um novo versejar, mas já não se quer usar as mesmas rimas, já não há tempo para rimar ‘amor com dor’, ”solidão com canção’, ‘alegria com folia’.
E não demora muito para se ter várias folhas amassadas lançadas ao chão. Nada mais parece suficiente. O desespero parece nítido em seu olhar e a primeira lágrima cai, assim molhando o papel.
Uma guerra travada entre a razão e a emoção. Mas já não se tem razão quando se é poeta. Você a perde, quando se perde em seu primeiro versejar, no seu primeiro poema e nunca mais a encontra. A emoção lhe invade sem pedir licença e ocupa todo o espaço do seu ser. Quando se é poeta, todo dia é uma batalha, toda lágrima é o início de uma guerra, que se incia em seu interior e logo atinge o seu exterior. Quando se é poeta, ter todo sentimento do mundo em si, ainda é pouco.
E depois de horas rabiscando palavras clichês, amassando papéis e derramando lágrimas, o pequeno poeta adormece, e então sonha que para ser poeta não precisa ter uma alma ferida e nem sentir todas as dores do mundo. Mal sabe que quando acordar, o mundo lhe espera e as dores também, assim como todo o sentimento que existe.”