LABAREDA DE FOGO...

Palavras enroscadas na garganta,
deste  grito mudo, ouço apenas o silêncio, 
desvirginando meus ouvidos, nesta dor
que se agiganta...
Nas luzes da cidade, em festa,
o brilho salta sobre as  cabeças humanas,
distraídas, puidas...
São travestis que transitam em busca de companhia,
viúvas com seus amores, putas cobrando favores...
E poetas tecendo versos e poesia...
Bizarros malabaristas,  s'equilibram na corda bamba das metrópolis que devoram seus sonhos  e ideais...
As luzes que se apagam e o terror  propaga...
Labareda de pólvora, queima o peito...
tomba o herói,  defendendo o pão.
Nestes pesadelos abissais...chora o menino...
Com a pedra na mão...

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 *SCARPIN VERMELHO*

No negrume da madrugada,
O scarpin vermelho chapinha na calçada imunda
O resto da chuva caída.
Na ginga do errante se adivinha o peso da morte,
Que agora mesmo pousou, fresca,
No talho profundo, que lhe rasga o ventre.
A luz baça, que desce,
Faz flamejar irregulares e fugidios filetes carmins,
Logo diluídos no torvelinho da sarjeta.
O pouco de vida ainda ginga teimoso
No passadiço do nada,
Mas a morte já lhe tem a posse.
E, dona absoluta do que fora vida,
Já abandona o corpo caído,
Cujos olhos, abertos, brilham na luz baça, que desce.


Obrigada Luiz, teus versos deram vida à minha prosa...Bjs!

Nana Okida
Enviado por Nana Okida em 26/02/2012
Reeditado em 01/03/2012
Código do texto: T3522263
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