ASSIM É O POETA

O poeta descreve sonhos,

Alimenta a esperança

Vive todas as dores

Mesmo as que não são suas.

O poeta colore o mundo

Onde os sonhos têm todas as cores

Todas as fragrâncias de flores,

O cantar de todos os pássaros,

O amor de tantos amores.

O poeta finge uma dor que nem sente,

Sente a dor que lhes descrevem,

Seca as lágrimas dos que choram,

Canta todas as canções de ninar,

Alcança as constelações e sobrevoa

A imensidão sem rumo certo,

Navega em alto mar, caminha na chuva,

Vagueia ao luar, faz da solidão sua confidente,

Dá asas a imaginação e sobrevoa o espaço

Em busca de outros sonhos e sem fronteira,

Prossegue por qualquer caminho

Ainda que sempre sozinho, não se sente só

Conserva a solidão, faz dela amiga e sempre juntas

Falam com o coração a tantos outros corações

E vão seguindo de mãos dadas pelo mundo a fora,

Andando a esmo, só contanto os passos;

E num só compasso segue seu caminho retirando espinhos

Que muitas das vezes lhes ferem as mãos, dilacera o peito

Mas ele é poeta, incansável e fiel à inspiração que nunca o abandona.