Quem não te conhece te compra...
Eu, que já andei pelos cinco cantos,
Me deparei com olhos humanos
Embriagados em alguns seres
Da mesma alcunha.
Só diziam serem humanos,
Por terem o polegar opositor
E um mistério chamado razão.
Já nasceram em extinção;
Quando eram oito,
Mataram dois, outros dois
Foram amaldiçoados pelo arquiteto;
Os quatro que sobraram
Vagaram por aí, Trôpegos
Em Sofreguidão.
Mesmo assim se mutiplicaram
Mas, há algum tempo,
Não são a mesma coisa.
Amaldiçoados que são,
Transformaram-se em:
Cobiça, inveja, mentira,
Desejos. calúnia
E sabe-se lá quantas outras
Anti-qualidades.
Criaram um sistema de exploração
Que chamam de trabalho.
E, sob esse pretexto,
Vampirizam o outro sem dó.
Alguns, os honestos pais de família,
Os filhos obedientes,
As esposas fiéis, Os trabalhadores,
Pagadores das contas do sistema,
São tidos como homens de qualidades;
Coisa que teria que estar em todas as pessoas.
Mas não tem nada não:
Esse sistema, com suas músicas,
Seus filmes, suas danças
Suas culturas, suas escolas
Seus professores e suas TVs;
Tratam de corrompê-los,
Para que não sejam mais,
Através de seu bom comportamento,
Elementos de acusação social.