Uma noite de insônia

Já é tarde! Uma nuvem de tristeza sobrevoa os meus pensamentos. Sinto-me como se não coubesse em mim. Forço a respiração para não me sufocar. Deliro e, quase sem forças, tento me acomodar sobre o leito, mas, a insônia prevalece. Parece uma eternidade a chegada do amanhecer.

Meus sentimentos encontram-se adormecidos e minh’alma sofre em silêncio por não alçar o vôo tão esperado. O cansaço deixa-me insuportável. Não consigo me desvencilhar dos problemas. Tudo que eu mais queria era paz, P. A. Z, paz, nada mais. Parece que sinto dor, mas, sei, não tenho dor alguma. Eu preciso me libertar.

Estou só com o coração apertado e chorando. Minhas lágrimas não deságuam sobre a face sofrida e marcada pelo tempo, mas, sobre a alma que tenta fugir, porém não consegue. O passado atormenta-me e me vejo perdido. Queria tanto um colo para aconchegar meu corpo, minhas angústias. Uma saudade louca invade-me. Estou indefeso. Meu moral abalado.

O cenário é desolador e meus olhos insistem em não se fecharem. A noite é longeva. Levanto, deito, deito e levanto, ando pela casa como que um vigilante pela madrugada. Vou à sala, ligo a TV e nada prende minha atenção, os programas de religião estão por todos os canais, cada um vende seu peixe à sua moda.

E, assim, os segundos são minutos e os minutos horas que são uma eternidade. Lá fora, a noite não dorme. Carros buzinam a todo instante e as luzes mantém a cidade acesa.

No céu, as estrelas se espreguiçam, e brilham vez em quando. A lua, tímida e distante, apenas sorri. Parece que ri de mim, mas não importa, ela é poderosa. Meus pensamentos continuam dispersos e a solidão não cabe em mim, tão imensa que é.

Num instante, dou um cochilo. É impressionante! Reponho minhas energias em segundos adormecidos. E o amanhecer começa a nascer e, ainda no leito, faço planos para que o dia não seja como a noite que passou. O sereno da madrugada banha as pequenas rosas vermelhas que vejo pela janela e a vida volta a ser bela e gostosa de viver.

Renovo minhas esperanças e meus sonhos continuam vivos, afinal como poeta, vejo a vida como uma graça recebida e uma dádiva que Deus me deu, e que, talvez, nem merecesse tanto. Relato essa noite de insônia a vocês apenas para ilustrar como foi aquela noite inesquecível. Será que todos têm noites assim?

Noites traiçoeiras que descem ladeiras da vida, perturbam a alma, que, por vezes, não consegue reagir, apenas duramente sentir. Longas noites que registram a solidão do poeta, que viaja num universo feito só para ele. A magia do sentimento rejuvenesce e eleva a alma num frescor de arrepiar. É maravilhoso esse momento. É extraordinário! O mais interessante de tudo, é que tudo aconteceu numa noite de insônia.

Edimilson Eufrásio
Enviado por Edimilson Eufrásio em 23/02/2012
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