Espelho...
No degrau do meio eis que surge um parapeito. Ali onde meus seios debruçam-se a vasculhar teus segredos. Não tenho mais tempo para sigilos inteiros, quero destroçá-los entre o pretérito e o futuro imperfeito. Sim, mastigá-los ao acaso enquanto teus olhos diminuem tal qual a língua minguante no céu do medo.
Não espere complacência, não espere piedade. Delas distituí toda a bondade. Quero ser má, amarga, azeda como o vinagre e extirpar tua face no sangue que corre em minhas veias.
Dos teus misterios, sei todos os passos, do seu gozo conheço todos os pousos, quero mais é te encher de ais e te ouvir pedindo mais e mais.
E entre a carne e alma tecer o mais vil paraíso, o inferno de Dante, doravante teu fio de Ariadne, quiçá tua caixa de Pandora, teu caos, meu agora, minha égregora no teu semblante....
Duas entidades em um só corpo, nó entre carne e a terra, sol e lua no mesmo dorso, dividendos de desejos, imagem e reflexo, espelho... Somos razão e sentimento... E um de nós... Arderá a tempo...