O NOVO HOMEM
Arre!
Não me deitam moral, imoralistas
Não me venham com regras,
torpes regras; torpes figuras
a deitar-me normas igualmente torpes;
vos, horripilantes bestas,
bestas bestamontes e paquidermes
a deitar regras.
Arre!
estou farto,
farto até o pescoço
farto até os pés.
Tirem-me o grilhão!
Tirem-me o grilhão, eu ordeno!
Ordeno sob as bençãos de Netuno,
ordeno que me tirem os grilhões,
não me terão dócil, não me terão cortês.
Arre!
Porcos horripilantes
Bestas feras bestamontes,
urubus a sobrevoarem o cadáver,
o cadáver que vos fabricastes,
o cadáver matematicamente produzido.
E a tabuleta?
A tabuleta sempre à mão a registrar o próximo item!
Tragam a tabuleta
Tragam-na, eu ordeno que tragam-na
Eu ordeno que tragam-na e que registrem.
Registrem o esfacelamento do vosso império.
Registrem a queda, a implosão
desse império de bestas feras bestamontes.
Arre!
Mil vezes arre!
Para todos os cantos...
Arre!
Urubus carniceiros.
Lobos travestidos de cordeiros,
Sanguessugas e paquidermes.
Outrora um riso,
uma esperança,
uma flor,
um jardim.
Outrora uma lágrima,
um abraço,
um adeus...
Nada mais.
Tudo mais.
Na medida.
Nem mais, nem menos.
Um abraço e mais outro.
Um sorriso, e gargalhadas
Tudo pode?
Sim, tudo pode.
Então, tá.
Que viva