A Menina

Em mais uma vista em fotos antigas deparo-me com uma foto a qual não resisto e digo: - Meu Deus! Que menina feia! E a menina era eu.

Magricela, muito branca, cabelos loiros e curtos, pernas finas e um pouco zambetas. E para completar a feiúra eu coloquei os óculos de minha mãe, de um grau altíssimo. E a cabeça... meu Deus, mas que cabeça, hein?!

Deixando de lado a menina e suas características espantosas o que se vê é uma menina feliz ao lado dos pais. Ela admirava tanto a mãe que queria ser igual a ela, desejava usar os óculos da genitora.

Meus pais... ah, como eles estavam belíssimos naquela fotografia. O retrato poderia ser em preto e branco, mas tinha o colorido da felicidade, da vida.

Minha mãe usava uma calça comprida escura que já foi denominada de pescador, corsário e atualmente chamam de “leg”. Certas modernidades em nomes deixam o produto sem um requinte. Mamãe também estava com uma blusa escura. Seus cabelos bem curtos, aliás, nunca vi mamãe com cabelos longos. Não sei por que ela não gostava de usar cabelos compridos, deveria ficar muito bonita, pois tinha e tem um rosto fino e delicado. Seus sapatos, estilo sapatilha, também eram escuros. Estava com os olhos apertados devido à claridade solar e também porque estava sem seus óculos. Eu, vaidosamente, estava com ele. Nem me preocupava se minha mãe sentia falta deles, o que me interessava era ficar igual a ela, com seus óculos. A menina desejou tanto os óculos que depois se transformou em uma grande moça míope e passou a ter raiva de óculos. Mas isso é outra história...

Meu pai, como sempre, charmozão. Calça comprida escura, camisa clara, óculos escuros e seu belo chapéu à “la Hollywood”. Ele parecia um artista de cinema. Ah, como eu gostava de olhar para eles dois: minha mãe, bem baixinha; e meu pai, um homenzarrão. Aquele contraste fascinava a menina.

Eles formavam um casal muito bonito.

Hoje olhando melhor a fotografia eu pergunto: - Como um casal tão belo teve uma menina tão feia?

O que me resta? Rir...

Gildênia Moura

17.02.2012