SABER ENVELHECER
As pernas já não são
o que antes andava sem descanso,
hoje reclama o repouso.
A visão turva o que outrora
era cristalino e transparente,
e hoje margeia sombras
e o pincenê não ajuda.
Os braços robustos inda há pouco,
não mais resistem o peso da idade,
e tudo exige sobre-humano esforço.
A cabeleira outrora farta e cumprida,
diluiu-se e cede a mais imperceptível brisa.
Não é triste,
é a marca do tempo
que registra nas pernas, no olhar e nos cabelos
a inexorável passagem do tempo.
O tempo avança,
tem seu próprio movimento
e não depende de autorização.
O tempo é como a criança
que brinca sem se dar conta,
apenas brinca porque essa é sua razão.
Ah...
pudera as penas não cansarem,
a visão não turvar
e os cabelos não caírem.
Nada teria sentido,
pois são nessas transformações
que as cousas adquirem significado
e a vida também.