AMOR FORÇADO
No começo o amor que é dado, oferecido, bem cuidado,
É o marco do reencontro é o texto do combinado
É aquilo que não se diz, mas se faz, se sente e aposta.
Tal qual aquele livro em branco cuja capa é encarnada
Paixão deveras timbrada nos versos da poetisa
É sonho que se concretiza sem precisar contar histórias
É um fato e a vitória de uma guerra acirrada
Entre o certo e o errado
Mas dia vai dia vem, desaparece nas nuvens do sobe-e-desce
Desta vida tão vã e assaz monótona
É algo que nem se nota o fim de um certo amor!
Aí se pergunta: “E vingou?” Foi verdade ou foi promessa?
Foi algo assim feito às pressas? Como a prenhez da vadia?
Que ontem da noite fez dia na frente da sutileza
De uma alma ainda presa no passado e no futuro
Mas que agora no quarto escuro olha a noite embotada
Sem versos e sem cantigas só a voz de um antigo amante dizendo:
“És meu amor, minha sina, minha vida, minha menina, meu porto, meu puro encanto”.
E agora aí jaz num canto na solidão mais sofrida
Aquele em que não se pode ser realmente sozinha
Presa não por grilhões, mas por linhas que movimentam um fantoche.
Aflita só por um lado, mas certa do que pode vir.
Pois do mal nasce o scorpio, do bem a sebe florida.
Quem será a vítima e o algoz
De uma vida vivida nas brumas do “Estamos sós”
Era verdade a vida vivida entre dispares?
Um preso e o outro solto. Um vivo e o outro morto
Levado pelas marés e entrando pelos esgotos?