A AUDÁCIA DO ESCRITOR

Busco no dicionário

As diversas definições

Para a palavra audácia...

Encontro-me com a definição do latim,

Sf.(lat. aldeia):

“impulso da alma para atos difíceis ou perigosos...

Arrojo,

Atrevimento,

Denodo,

Ousadia,

Valor,

Insolência,

Petulância “...

Nenhuma dessas definições

Expressa o real significado

Do ruído da sonoridade

Que essa palavra me causa...

Esta sensação entra em confronto

Com o meu autoconhecimento...

Tal qual soldado em campo de batalha

Que dispara entre a destruição

E a reconstrução de minhas idéias,

Ao transformar em calmaria

Ou tempestades meus mais íntimos sentimentos...

É essa sonoridade que adentra

As profundezas de meus desejos,

Antes tão velados...

É com essa ‘audácia de escritor’

Que sinto despertar aos mais tímidos

A inveja.

.

Aos mais sensíveis,

A comoção...

Aos mais fortes,

Talvez a ameaça...

Aos mais introspectivos

A expressão forjada de um medo

Capaz de consagrar ao autor –

A sua obra...

Ao sair do anonimato me visto da coragem

E assumo minha autoria...

Audácia, talvez seja a expressão

De quem se arrisca a vingar-se numa folha em branco

As pegadas desses pensamentos

Até então, tão imaculados...

Pensamentos tão claros,

Ao mesmo tempo tão confusos,

Capazes de causar turbulências

Diante da escuta do Outro...

Clareza do que se fala em forma de escrita

E turbulência diante da autoria da própria escrita,

Reflexão para o leitor...

A audácia revela a engrenagem do escrever,

Já que escrever representa a ação da expressão de meus pensamentos...

Já não se faz tão simples falar da clareza do escrever,

Da confusão de esclarecer...

Aquilo que movimenta,

Interpela internamente,

Desacomoda-me...

Tira-me da tão velha conhecida zona de conforto...

E, assim,

Entre palcos e cenários imaginários

Lanço-me ao novo prazer de criar.