O ESCREVER
Surge daquilo que experimento
Ao longo dos anos em que vivo...
Hiberno-me em meus confinamentos internos,
Ao rebelar-me,
Descubro que nem sempre, criar é prazer...
Mexo dali,
Mexo daqui...
E ouso experimentar por meio da escrita
Àquilo que não ousaria escutar...
Ao escrever,
Meus barulhos internos soam como moinhos de vento...
Em cada rajada,
Tudo muda de lugar...
Mas em que lugar fica minha criação
Quando permite-me escutar meus próprios barulhos?
Esses barulhos,
Surge tais quais os velhos conceitos
Que me atrelam à alma,
Tão intimamente conhecida...
Como companheiros aprisionados,
Carrego no peito o desejo e a liberdade de escrever...
É essa escuta que, revela a autoria do meu Ser escritor.
Cadê a criatividade
Do sujeito que se inibe
Diante do medo de sua própria escuta?
Escrever,
Talvez seja o poder de sonhar...
Deixar marcas,
Fantasiar a realidade,
Às vezes nem tão clara...
O que seria a escrita,
Senão o atrevimento do medo
De lançarem-se com coragem e petulâncias,
Vestindo de insolência meus valores tão temidos?
Ao abraçar a escrita,
Meu Ser autor se confronta com o medo da escuta do Ser escritor...
Se ganho o medo,
Perco a coragem e
Comprometo-me com o Ser leitor.
Escrever,
Talvez seja essa arte destruída pelo próprio autor
Que, entre riscos e rabiscos altera seu teor...
Mas de que destruição se fala,
Senão a destruição da criatividade,
Quando se perde a originalidade dos traços
Diante das conclusões de cada leitor?
Se, ouso escutar,
Temo o novo,
Se nego a escuta fico no mesmo lugar...
Não é tão simples o enfrentamento do escutar
Já que exige mover-se,
Porém, do mesmo lugar.