DA DOR-DAS-DORES

A Dor-das-dores é saber que para nossas coisas vindas e partidas, coisas que trouxeram feridas a nos esvair para sempre, nunca haverá respostas nem explicação.

Talvez, se houvesse restado, ao menos, alguma esperança de ainda se vir, em algum tempo, a encontrar para tudo o que houve sem realmente existir, algum sentido, alguma finalidade, alguma função, esse presente fim-de-mundo seria apenas passagem dolorosa para a Nova Terra e para os Novos Céus, mas, não. É se morrer por nada, para nada, como se nem morte houvesse, como se a presente morte também não passasse de pura alucinação.

Eu olho os campos devastados de nós, fico a olhar os campos devastados de todos nós. Fico a olhar a lembrança dos nossos rostos que partiram de si mesmos, deixando as próprias sombras a se olhar, já sem perguntas, já sem quaisquer perguntas que se consigam fazer. As perguntas que, mortas insepultas, jamais deixarão de nos sangrar.

No início da madrugada de 14 de fevereiro de 2012.