Rae
Rae estava triste e sozinha, sentada no jardim.
Não havia vento, a lua não veio, o céu escuro prenunciava mais uma noite sem brilho e sem música.
Então Rae lembrou-se que era o dia de seu aniversário, porque repentinamente uma brisa brincou com seus cabelos.
E um menino triste veio dar-lhe um abraço, o único presente que havia desejado durante todo o ano. Desceu num raio de lua e como era um sonho... desapareceu.
Mas para Rae, esta é a única difença entre um aniversário e outro. É o que faz valer a pena lembrar-se de que existem aniversários.
De repente Rae percebeu que o tempo passou... assim...
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Assim, de repente como o são todos os de repentes...
Deu-se conta que já se foram as primaveras e todos os verões se foram...
Caminhava entre árvores que se despem e sobre imenso tapete de folhas douradas, que o vento outonal deposita suavemente no chão.
Deu-se conta do silêncio que se vai instalando enquanto, nas lembranças, ainda esvoaçam os bandos de jovens felizes, cantando e dançando em outros carnavais.
Alguma parte de sua alma deseja, por instantes, voltar... refazer o caminho... outra sabe que não há mais regressar.
Deu-se conta de um céu que não mais é tão azul e a brisa morna que passa lenta pelos seus cabelos...
E o inverno com seu manto branco e frio espreita-a na primeira dobra do tempo... na próxima curva do caminho.
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Mas foi apenas um estremecer... talvez um sopro breve vindo de não sei onde.
Pois Rae percebeu que nem sabe onde a próxima esquina e ainda existem flores no caminho.
Pode cantarolar as canções que as lembranças trazem e dançar com os companheiros os passos que apenderam juntos.
Transformar o outono numa grande colheita e do próximo inverno um aconchegante festival.
Lembrou-se então de Richard Bach " Voe livre e feliz além de aniversários e atavéz do sempre "