O PÊNDULO
Há na parede um pêndulo, pendulando...
Olha pra mim e ressoa.
É um convite!
Convite a uma viagem que não desejo.
Resisto.
A vista turva evita o som da lembrança, ainda há pouco, apoucada pelo tempo.
Insistente pêndulo a puxar fios de memórias doídas.
Com uma força hercúlea resisto mais um pouco.
Pendular insistente, vence.
Sem forças, entrego-me.
E lá vou eu... De volta ao medo e ao abismo.
Absorta, vegetativa, num espaço emparedado e vil.
Não estou só.
Um algoz aqui, velando-me...
Sono que não chega apesar da maciez da masmorra de brancos lençóis, outrora.
Lugar escuro.
Amor-ódio em cena. Acenando dores e êxtases...
Para nos outros dias, o pânico!
Não mais!