SOBRE OU SOB A ESCRITA
Mesmo que as letras,
Arranquem do escritor
A sua alma,
Paira no deserto do homem os mistérios
Que submergem na superfície da escrita...
Sobre a escrita o silêncio verbera
Em forma de notas claras, que
Há algo sobre nos,
Além do universo...
Sob a escrita,
Há o encontro com o impossível,
Que acima de qualquer jurisdição desbrava
O que distância o homem real, do imaginário,
Subtraindo seus segredos ao espalhar no espaço sideral
O eco de sua intimidade...
Escrita é como vida desgovernada, ]
Sabe que veio, mas não sabe á que veio
E nem onde vai parar...
Sobre a escrita,
O silêncio verbera em forma de notas claras que,
Há algo sobre nos,
Além do universo...
Como quem domina fluentemente
Os idiomas que conversam os continentes,
O autor desperta sobre a escrita,
Um feixe de luz ao abandonar os porões de sua nau humana...
Trás à superfície seus anseios e seus temores,
Mas, também emergem da escrita
As favas que amenizam suas dores...
Na superfície da escrita,
O homem transcreve seus anseios,
Com a responsabilidade de proteger sua alma...
Pois sob a escrita,
Habita seus segredos,
Seus medos,
Seus desejos...
Sob a escrita
Esta o anseio incontido de buscar
Algo desconhecido em sua essência...
No encalço de si mesmo.
È na Oficina desta Escrita
Que nos fizemos escritores,
Ao reconhecer os sintomas,
Que inebriaram durante anos nossa própria escrita...
Pois no ato da escrita,
Transita o ego que agora jaz em nosso inconsciente...
Escrever é voltar ao remoto passado
Sem direito de olhar para trás...
Então, sobre a escrita
Aterrissa a historia do homem nunca dantes revelada,
Que, pela ânsia de desvendar-se
Trás a tona as marcas da singularidade de cada Eu,
Sobre ou sob a escrita.