HORIZONTE
São dezoito horas de um lindo entardecer.
Da janela do carro contemplo o crepúsculo.
E lá, bem longe, onde o céu parece encontrar com a terra, está o horizonte.
Será que, por detrás daquela linha sinuosa, distante, infinita, tem um mundo diferente?
Será que lá tem mais flores espalhadas pelos cantos,
pássaros a voar, animais a pastar?
Será que existem pessoas para amar?
Será que, do lado de lá, tem mais riachos cristalinos, mais luar?
Será o dia menos longo e as noites a reinar?
Quanto desejo tem nessa minha alma irrequieta, moleca e aventureira que me faz querer ir até lá e espiar por entre os montes, a fim de desvendar os mistérios que se escondem lá.
Qualquer dia desses vou pegar carona no meu cavalo alado que fica bem do lado esquerdo de minhas vontades e num vôo ligeiro e suave, chegarei lá.
E lá estando, brincarei com o vento e farei cosquinhas nas patas do meu cavalo com as plumas de um pavão.
Deitarei na grama verde e apreciarei os bichinhos que nela vivem.
Olharei para o céu e brincarei de inventar formas com o andar lento das nuvens.
Plantarei jardins!
Sairei correndo, descalça, saltitante como os animais do bosque.
Contarei piadas às centopéias. Trocarei segredos com as libélulas. Contarei minhas histórias. E elas sussurrarão as suas.
Se der fome ou sede, comerei pastéis de vento e beberei água límpida do regato.
E depois de muito ser feliz, montarei em meu cavalo e voarei de volta para casa, para enfrentar as insensibilidades cotidianas.
Qualquer dia destes lhe convido para conhecer este lugar.
Juntos, seremos fortes. Pararemos o tempo para viver a eternidade desse momento.
Poema publicado no livro "Curvas & Poesia" que se encontra no
site www.contoepoesia.com.br.