A História Encantada.
Dedicada a Giovanni Pelluzzi, que vive e faz belas poesias nas noites douradas de São João del Rey, por ter se lembrado de mim.
Estávamos em Cuzco, Peru. Era o dia da volta ao Brasil depois de uma linda viagem. Os corações partidos porque não queríamos nos despedir da magia das construções Incas, do ar rarefeito e da beleza das cadeias de montanhas visíveis até bem longe. Dirigimo-nos cedinho para o aeroporto.
Olhávamos a paisagem que já não era mais a nossa, engaiolados e empacotados para embarque. Porém passavam-se as horas e nosso vôo não era anunciado. Às quatro da tarde, um comunicado: o avião estava quebrado e voltaríamos para Cuzco. A felicidade era imensa. Estaríamos um pouco mais na cidade encantada....
O sabor daquela noite não teve comparação em outras pelo resto de nossas vidas. Cada pedra do calçamento à luz de iodo era pisada com a delicadeza com que se trataria um amante muito especial. O comandante se juntou ao grupo de cinco ou seis jovens universitárias nas andanças até alta madrugada.
Anunciado o vôo no dia seguinte, houve protestos por parte das senhoras, que se recusavam a embarcar e pediam outro avião. Alegavam, elas que de aeronáutica nada entendiam, que aquele não inspirava confiança. Porém nós as jovens concordamos em embarcar, e o vôo decolou só conosco.
O melhor estava por vir: para nos presentear pela decisão, e reconhecido por ela, o comandante sobrevoou Cuzco, a cidade habitada e a cidade histórica deserta, em vôos rasantes. E tivemos panorâmicas inesquecíveis. De tirar o fôlego de tão lindas.