Carta do homem do manto ao amor sem futuro

Sinto que voltou ao alcance próximo

de minha sedenta mão febria

mas não ouço o telefone tocar como

era o prometido por teus lábios

e cá estou em tal doentia noite a

registrar a rejeição que deste ao meu amor

tão febril quanto eu

Enquanto pensas na desculpa a contar

as velas queimam e a cera escorre...

sendo que somente a fumaça é

capaz de atravessar este meu manto negro

onde guardo meu ódio e meu lamento

onde sou prisioneiro de mim mesmo

meu próprio detento.

A tinta atinge este papel tão tóxico quanto

a minha chama, enquanto você,

minha indecisa dama,

deve estar enrolada por entre confortáveis

lençóis vermelhos, da mais impura e confortável das camas.

As sombras se contorcem como dançarinas

graças à dança da chama que derrete a cera

enquanto ainda me ponho a escrever

qualquer besteira, para receber ingratidão

A rosa morta, jaz ao meu lado direito,

já não produz mais belo cheiro,

apenas está morta e apontando o chão

ó estranha prova de amor, febril como o meu

próprio que lhe confesso e quando

jazes podre embaixo da terra espero

de tão indeciso ser, que rejeita meu amor

e desafia o meu saber

roubar uma ultima lágrima salgada, sobre a lápide maldita

desta pobre alma

mal amada

Jonas Tiago Silveira
Enviado por Jonas Tiago Silveira em 10/02/2012
Reeditado em 24/10/2019
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