Lá estava o fumante.  
As mãos secas, tendões salientes, a crosta ocre na boca entreaberta, entre os dentes.
Fuligem urbana na boca humana.
Fogo?
Fogo.
Cheiro de incenso Insano.
Óculos escuros fitando a fumaça. Etéreas fitas espir(aladas) . Eternas.
No recinto sóbrio, avisos bilíngues: Proibido fumar, Do not smoke.
Mãos e leques abanando narinas. Outros inspirando o odor sem pudor.
Até as flores silenciavam solenemente o perfume e choravam um orvalho insosso.
Nuvens espectadoras se agrupavam em degradê escuro como plateia do seu último alento:
Jogar suas cinzas no primeiro pé-de-vento. 

Well Coelho
Enviado por Well Coelho em 08/02/2012
Reeditado em 09/02/2012
Código do texto: T3486249
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