APENAS FANTASIA
A cria se entrega a força,
Expressa em forma de animação,
Cria/ação...
Retoma o começo,
Como rito de iniciação...
A ação, em forma de silêncio segue a cria,
Como turbilhão, revoltando os desejos,
Sentimentos em pulsação,
De um livre Ser em humanização...
A escrita é como filha pródiga,
Que desprende tremenda profusão,
Causa náuseas,
Confunde,
Vive como animal que mama, já em extinção...
É impossível não sofrer quando nos deparamos
Com o remanejo de nossa produção...
Nos faz remexer,
Nos desacomoda das situações,
Nos habilita a releitura de nossa cria-ação...
E o homem é masoquista,
Ri e chora,
Acorda e dorme,
Alimenta –se e defeca,
Doa e implora,
Corre e para,
Fala e se cala,
Escreve e apaga,
Antes de fixar na memória a transição de sua trajetória...
Um caminho de varias formas,
Que pode ser visto por vastos horizontes...
Nem sempre tão certeiros,
Nem sempre tão errantes...
O autor pari a escrita,
Tal qual fera lambendo a cria,
A agasalhar como se seus ditos,
Agora nem tão malditos fossem para sempre,
As profecias de seu destino bem dito...
Em total abandono.
Como mãe que reconhece o filho,
Mas não o aceita como cria,
O escritor revela suas histórias na busca de ser feliz...
Por meio do letramento,
A escrita é seu guia,
Escrevendo parte de si,
Segura o lápis,
Solta a vida,
Fingindo que o escreve
São apenas fantasias.