O OMBRO AMIGO
É difícil desempenhar o papel do ombro amigo
Que tudo entende,
Compreende,
Aquele que sempre tem que ter uma palavra de conforto,
Na hora certa e no momento exato...
Tal função torna-se cada vez mais pesada
Quando além de ser o exemplo,
Você é visto como alguém que não tem problemas,
Quando as pessoas começam atribuir a sua vida
A sorte que elas se dizem não terem tido,
Talvez pelo fato do ombro amigo,
Ser aquele que não costuma se lamentar,
Mas aquele que prefere guardar para si
Suas aflições...
Que procura ser feliz com o que tem,
E agradece a Deus a cada dia,
Pelas coisas que até então já foram alcançadas.
Existem conquistas que só dependem de nós,
Da força de vontade e perseverança,
De nada adianta aqueles que choram suas lamentações,
Se isso não dão forças para mudar.
O problema não é o que você não tem,
Mas sim, o uso do que fazes com aquilo
Que tu tens em mãos,
Uma pedra ou um pedaço de madeira,
Quaisquer dos instrumentos podem ser
Considerados uma arma...
Poderão atingir os mesmos fins.
Porque será que diante de um problema
Costumamos dizer: porque eu?
Que soberba do ser humano achar-se
Tão digno de não merecer um fardo
Deveríamos mudar o questionamento
E dizermos: por que não eu?
Será que somos melhores,
Do que aqueles que se encontram
Em situações piores que as nossas?
E o que aquela criança fez para merecer
Nascer legada a miséria das ruas, ou dos corredores
Dos hospitais esperando um transplante
Ou até mesmo um milagre?
Pois é...
Somos tão perfeitos nas concepções dos nossos amigos,
E diante dessa perfeição imaginária,
Ficamos ouvindo demais
E falando de menos...
E tudo que nos sobra...
São apenas as palavras não ditas
Que se revelam em uma folha de papel.
05/02/2012 as 02h50min
Keu Seixas