QUANDO A VAIDADE É O LEME

Guardem as armas, pediu o general

Já não mais a utilizaremos

E tempos de paz avistemos no horizonte.

Que as ofensas sejam esquecidas

E as diferenças amenizadas e ressarcidas.

Que os raios de sol não se ofusquem

Que as bombas adormeçam sob o tilintar de novos tempos

Que à terra não se regue com o sangue do irmão

E que a colheita não seja de corpos, mas do farto alimento.

Guardem as armas, pediu o general

Não mais se puxarão a espada e nem se apontará a espingarda

Porque dessa terra que a todos pertence

Não mais aceitaremos o imperador

Porque se é ele homem como todo homem

Porque haveremos de obedecê-lo?

Não mais abaixaremos nossas cabeças

Não mais levantaremos nossos braços contra nossos irmãos

E nem usaremos da voz para maldizer aquele a quem somos semelhantes.

Guardem as armas, pediu o general

Que o soldado não mais seja usado como arma de matar

Que ele seja visto como um entre tantos que lutam e labutam

E que leve para casa o alimento à família e dela nunca mais se afaste.

Guardem...

E nesse instante o general foi interrompido por uma voz...

Jogue fora sua insígnia, general

Para que possamos ver que o que dizes não nos pareça apenas palavras

Jogue-as fora

Para que possamos nos abraçar e não sermos abraçados pelo abraço da traição

Jogue-as fora, caríssimo general

Para que à terra reguemos com água e não com o sangue de balas escondidas

Jogue-as, peço com toda sinceridade

Para que os raios de sol não se ofusque com o manto traiçoeiro

Jogue-as fora

Para que saibamos que o imperador não se ache deus

E mande todos à vala só porque não se acha homem como todos nós.

Jogue-as...

Nesse instante ouviu-se um grito

Não posso, porque assim não serei general!

E tudo continua como dantes.