O CONTADOR DE ESTRELAS
Ele, naquela noite,
Na aldeia,
Mirava o céu deslumbrado;
Depois, riscava o chão com a varetinha.
A menina, que passava e passeava,
Velha amiga,
veio perguntar-lhe o que fazia,
Assim, tão deslumbrado e embasbacado.
Ele, saindo de sua admiração,
Guardou, por um instante, e com paixão,
A sua amiga:
" Eu estou contando as estrelas;
Começo a contar, marco com a vareta no chão,
Depois, perco a conta;
o vento varre as marcas no chão..."
Estupefata, a menina, rindo,
Lhe pergunta:
" Por que faz isso ? O que ganha; aonde vai te levar ?"
Ao que ele responde:
"Ué? Faço por que gosto;
Acho bonito o ceu e seu fiemamento
E me admiro de nossa existéncia e do Universo.``
A menina, que ja era quase moca, se encantou.
E ficaram ali, a se admirar da beleza do mundo e de suas coisas.
Mas a vida náo era ssim,
A máe, preocupada com o filho ,
``O que tem esse menino ? Por que náo è como os outros?``
``Và estudar, và jogar bola com os outros``- era o pai a falar
Na escola, todos a cacoar, a professora a bronquear``
-Quanto è sete vez oito ?
-Náo sei, sò conto estrelas.
A mae da menina alertava ``
- Afaste-se dele, hoje conta estrelas, amanha contarà tostoes!
E o tempo passou, ele, hoje, no arranha-cèu de aco, conta o dinheiro dos outros e è infeliz.
A sua amiga, nunca mais viu,
Dizem que casou, se formou e mudou.
Mas naquele dia de luar, surpreendente e sem nuvens,
Naquela cidade grande,
Ele, larga a pasta e comeca a se admirar com o Universo
Enquanto contava, sõ nota ao longe, outra pessoa,
Muito meiga, querida,
A se aproximar.
Contava estrelas e perdia a conta,
Olhava nos seus olhos, duas estrelas a brilhar.
Agora, os dois, nunca mais longe, sò as estrelas.
Nao contavam os tostoes,
Contavam alegrias,
Contavam primaveras,
Contavam os filhos,
Sò nao contavam os beijinhos que ele ia lhe dar!