O morro
A paisagem inebria a mente da gente. Sacode uma densa fumaça, que da sacada convida-me a ter com ela sensações. O bucólico morro se apresenta diariamente. Dá boa noite, dá bom dia – Bom dia morro! Vou sentir saudades de você. Só em pensar que me esperas todas as manhãs, às vezes de cachecol, às vezes apenas coberto de plumas verdes, sinto umedecer meus olhos.
Simplória imagem que deixas para mim. E preciso de algo mais? Não sei. Quem sabe tua imagem estática queira dizer-me algo mais? Mas parece-me que não te permites. Tímido, ao mesmo tempo perto e distante, reserva-te. Enquanto o teu belo me foge, captado cada vez mais embaçado pela íris úmida, que luta para não esvaziar a velha máquina de tuas turvas imagens.
Sabe morro? Quase morro de tuas saudades. Eu voltarei quem sabe um dia, repleto de ti, de teu verde. Espero encontrar-te aí mesmo, de braços aberto, como aquele lá do Corcovado, sem mais pedras a retirar o meu olha de ti.
Por hora morro eu morro de saudades, nem sei o quanto, não sei… Quanto… Não gosto de despedidas, elas têm um gosto salobro. As despedidas despem-me as lágrimas. Quero regressar. Ah! Um dia eu morro.