FAXINA
Mil baldes bastaram
Para que eu lavasse minha alma
Tirei todas as teias que teciam nossa história...
Dos dramas fiz risadas
Das dores entreguei flores...
Das magoas perdoei
E das farsas fiz verdades...
Em cada canto que limpava
Exalava teu perfume.
A lembrar-me nos dias
Em que te fiz um homem amado...
De tuas condenações me libertei
O que te libertava me atei...
Foram horas de lembranças
A vascular cada canto...
E assim passei as horas
A faxinar a nossa trama...
Recordando cada segundo
As perdas ou as vitoria...
As águas barrentas
Descarregavam a memória...
Mas depois de tudo limpo
Olhei para o assoalho
E me vi em firmamento...
Por guardar ainda no peito
Nossos doces momentos...
Não foi fácil nessa faxina
Desapegar-me do que foi teu...
Mas ao limpar meu coração
Pude compreender
Que amar-te valeu apena...
No meio dessa faxina
Vi um pássaro batendo as asas
Ensinando-me a duras penas
O que é a saudade.