DO ARRANHA-CÉU DA PAULISTA
Do alto da Paulista eu vejo tudo
A vida, a morte, o punhal
Pontiagudo
Vejo amor que foge de mim
Ah, se eu não amasse
Poderia estar livre
Como as formigas
Lá embaixo
Intiecológico
Liberto, aberto como o vão
Do Masp
Se soubesse fazer uma pajelança
Um ebó, um mau olhado
Não há mulher que se apaixone
Por um homem não malhado
Por uma bunda sem silicone
Por isso não te amo
Não amo
Não sei se amo
Faminto como o gavião
Fotografando o chão, moribundo
Do alto da Paulista os amores
São desafetos, skinheds
Os bancos abarrotados
As mãos vazias de
Um paraplégico
Quando tentamos namorar ensaiamos
Falar de amor
Quando nos conhecemos esquecemos
Vem à cabeça a cama
O amor é mais encantador
Para quem não ama
Te vi no espelho dágua
Nua
Te amei
Ou apenas
Te quis mais bonita
Como o hexágono da neve
Só sabia falar de amor
E ensaiar cantar um soul
Não era tão simples
Como comer
Batata frita.