DO ARRANHA-CÉU DA PAULISTA

Do alto da Paulista eu vejo tudo

A vida, a morte, o punhal

Pontiagudo

Vejo amor que foge de mim

Ah, se eu não amasse

Poderia estar livre

Como as formigas

Lá embaixo

Intiecológico

Liberto, aberto como o vão

Do Masp

Se soubesse fazer uma pajelança

Um ebó, um mau olhado

Não há mulher que se apaixone

Por um homem não malhado

Por uma bunda sem silicone

Por isso não te amo

Não amo

Não sei se amo

Faminto como o gavião

Fotografando o chão, moribundo

Do alto da Paulista os amores

São desafetos, skinheds

Os bancos abarrotados

As mãos vazias de

Um paraplégico

Quando tentamos namorar ensaiamos

Falar de amor

Quando nos conhecemos esquecemos

Vem à cabeça a cama

O amor é mais encantador

Para quem não ama

Te vi no espelho dágua

Nua

Te amei

Ou apenas

Te quis mais bonita

Como o hexágono da neve

Só sabia falar de amor

E ensaiar cantar um soul

Não era tão simples

Como comer

Batata frita.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 25/01/2012
Código do texto: T3460759
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