Brilham meus olhos aos teus
Brilham também as chagas de tudo que senti. Não para lembrar-me da dor, apenas para mostrar que não existe mais sangue que precise cair. E no sangue novo de que sou feito, corre mais de mim e de deus. Por assim ser, quando brilham meus olhos aos teus, amo-te; sempre um pouco além do que amei, pois amar, é divino.
Meu sangue tem agora mais de mim, e, para ter-me preciso amar. No meu mundo preciso dizer: amar-me é te amar.
Não obstante, sei que vivo amando. Não só tu nem só os pássaros ou as flores, mas todo o mundo, em cada pequena parte, seja um dedo, uma mão ou um olhar teu.
E isto que escrevo não irei assinar, quem escreve não sou eu, não o eu que quero ter comigo. Quem escreve, é quem te ama, sem ter medo de assumir a culpa de tal loucura cantar. Eu não; amo apenas pelo medo, de não ter mais o brilho daquele olhar.
(Daniel Cavalcanti, 18 de junho de 2011)