ERROS E ACERTOS
Eles são comuns em toda e qualquer história de vida e podemos afirmar que nossa existência está atrelada aos erros e aos acertos. Apenas variações de intensidade e de alternância temporal fazem a diferença das biografias . De certo modo, somos – todos - uma fria e objetiva síntese desses dois conceitos.
Se as palavras pudessem resumir o extrato do que já foi vivido, parece crível que esses dois vocábulos se apresentariam como anfitriões aptos para receber a visita de muitas outras palavras, a eles associadas . Errar e acertar, por exemplo, nas escolhas – quer melhor palavra que essa: a escolha .
Escolher certo ou errado o produto que foi objeto de tão longo desejo pode não ser tão nocivo quanto escolher errado a pessoa a quem confiamos nossos mais caros segredos ou hipotecamos nossa mais sublime solidariedade.
E o que dizer da palavra decisão quando associada a esses dois vocábulos. Erramos ou acertamos nas nossas decisões , implicando isso em tantos desdobramentos quanto possíveis dentro do leque da razão humana ou da imprevisibilidade atrelada à irracionalidade de certos eventos ...
Acertamos sempre quando cultivamos o melhor de nós em prados alheios e erramos sempre quando julgamos precipitadamente aquilo que não entendemos em território estranho.
Aprendemos muito quando aceitamos sem o ranço do rancor os erros passados e erramos na mesma proporção quando vencidos pelo orgulho repetimos tropeços apenas vestidos com roupagem diferente, mas comparecendo à mesma festa do mesmo e imutável demônio.
Duas – só duas – expressões que me inspiram a escrever este texto , num momento em que vencido um fragmento significativo do tempo de estadia que Deus me concede , olho para trás e tenho de me submeter ao balanço. É a contabilidade comum aos vivos, da qual não me arredo, errando ou acertando , mas escrevendo sobre a parte que me toca na amplitude da extensão semântica desses vocábulos.