ABOIOS E CANTOS E TRISTURAS DE ALEGRIA
De imaginar um dia fui. E nas desviagens dos caminhos fiz entrantes. Passei a muros de cemitérios plantados desmorrentes. Desvivos que sabiam a orvalho, musgo e bosta de minhoca. E vi postes mijando cachorros. Luas menstruadas de nuvens. Menino empedrado. Árvores subindo em macacos. E dentes de banana em peitos de cobra. Revirei olhos de sapo em milharais. Troquei fraldas de cupins. E mais não fiz por não querendo mesmo. Pois fevereiro é mês desinteiro.
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Alguns dizem que os versos são ocos por dentro. Vazios assim, de tudo se preenchem. Miudezas, rimas, migalhas de nada, principalmente. Frágeis como pétalas de cristal. Mas pervagam os sustos de aboiar despensamentos. Naquele dia, despetalado de outonos, o silêncio nas brenhas riscadas de folhas varridas ao vento sussurrou um poema em mim. E eu virei um absurdo de gente.
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HLUNA
Fevereiro
é mês desinteiro,
e vem chegando ligeiro
com força total-Carnaval.
Agulhas de solidão,
parece, atapetam meu chão
ferindo o coração
que sofre e geme,só mágoas.
Lagoa de claras águas
onde a canoa furada
empacou de madrugada,
mas nadei até a margem,
porque não me falta coragem.
Mudo a tristura em alegria,
saúdo a beleza do dia.
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Uma belezura de interação. E a página aqui brilha mais com a tua presença, querida Helena.