(ONTO)GÊNESE
“Eu desejo o impossível e outras possibilidades se exaurem às aragens”.
Sempre assim! Era como passagens oníricas, cujas cessavam-me à totalidade os mundos, quando sempre me vinham resvestidas dos ventos e juntos, eu com seus ares agitados, contemplávamos-las. Eu morreria, decerto, aos seus sinais, aos semáforos abertos aos automóveis, contorcendo os metais, não fosse essa minha sorte! Já me via atado àquelas visagens esvaídas em prolixos horizontes! Todavia, n’alma deste ainda mui jovem, inacessível e inascível “senhor espectador”, representavam-me aquelas ventosas lembranças, anos e anos de promissoras esperanças. Mas escreveu-se o inescrito. Mas as impossibilidades coactavam minhas dissertações tirânicas.
Ah, por que citar o impensável, se na origem respostas se desdizem desveladas na colisão do silêncio? Silêncio: cálice, constantemente, preenchido das safras malignas. Porção fatal ao individualismo, vivaz à individuação, subjetivismo! E revive-se e reveste-se em morfínicas sonoridades do inaudito. Ah, por que quero saber se tudo está respondido na amplidão do indizível?
Posto à dimensão do impretensável, pretendi e em pretensos desejos inestimáveis o que pretendo nas redondezas doutros planos; do que há para além da existência e suas entidades. Pois se o silêncio é nada, nesta constatação, já sou convencido da finitude argumental e das multifaces relativas às linguagens epifânicas e tão logo, renascer exaurido em brisas profanas.
Ah, meu caro, pergunta-me: como tramar panoramas daqui para adiante? Compromissos, trabalhos, contas, universidade? Ouço Wagner e não me foge o metano, o monóxido de carbono. Vedo as saídas, assento as pálpebras, rememorando boêmios recitais e historietas lânguidas, reservadas às aragens da bem-aventurança.