NÃO ESTOU TRISTE, SÓ ESTOU CANSADA!
É como empurrar a sujeira pra debaixo do tapete, esconder a alma. Cansei! De verdade, aos poucos, até de alguma coisa em mim. Cansei de olhar pra frente e ver a bagunça exposta ao lado, ou quem sabe, dentro de mim. De olhar o relógio e não ter hora marcada, de não saber o que sou, se ao menos sou. De ouvir mentiras, de fazer força pra saber. Cansei de bater em portas que não se abrem, de esmurrar a janela tentando entrar. Agora, quero sair, sem força, sem deixar rastro, sem deixar dor. Este ar que me alimenta, também me sufoca, me deixa engasgada por não saber onde estou. Cansei de achar graça com riso amarelo, de querer igualar-me à alguma coisa que não gosto de ser. Cansei de fechar a janela pra depois reabri-la, sem ao menos querer. Talvez, hoje eu queira ficar no escuro, de portas cerradas e de olho no futuro. Só não sei que futuro é esse, o que há pra esperar. E esta ausência de medo, assusta, me causa medo. Medo de não ver nada, ou de olhar o que está estampado, aberto na página que tento rabiscar. Pode ser que a coragem chegue e que no auge de uma tempestade eu possa então arrancar até a página que mal consigo folhear. Meus contos, não virarão histórias, apenas, relevo em mim. Me espanta, tudo que aos poucos perde o encanto, e toda palavra que escorre onde fica apenas o eco de um som que se ouviu. Cansei de ver minhas palavras se transformarem sentenças, uma condenação à morte, não tão subitamente, porém, uma morte do que não é pra morrer.