VOOS DA JUVENTUDE

Canso-me de tantas coisas

Que meu corpo não mais suporta

Vou arrastando pela vida

Perdendo-me em memórias...

Dos tempos em que era moço

Cheio de atitudes

Decorava minha historia...

Escalava as montanhas

Fazendo algazarras,

No clamor da juventude

Alegrias e fantasias

Eram meus suportes...

Quando das noites fazia festa,

Das manhas o meu descanso,

Nas tardes raiava os dias

Das noites o remanso...

Hoje me desconheço

Diante das limitações,

A carcaça já não agüenta

Tantas badalações...

Vou vivendo cada segundo

Como quem leva pela mão

As bagagens da vida

E suas recordações...

Se soubessem esses moços

Que a vida não é perene

Poupariam mais o corpo

De tantas exposições...

Da tez poupava-lhe o sol

Do coração amaria mais...

Das lembranças como porta retratos

Somente as boas ilusões...

Pois ao envelhecer

Perde a carne

Se ganha a memória...

Em forma de saudade

Do tempo em que era moço

No auge da juventude...

Agora quando velho,

Olhando para vida

Espreita-se na janela

As historias do passado...

Então vamos aproveitar

Cada segundo

Como se fossem os minutos

O maior bem do mundo...

Pois se aprende que tudo passa

E que poucas coisas valem apena...

E que nada justifica

Jogar com a liberdade

Como se ela sustentasse

O peso da idade...

Pois são as asas da velhice

Que suportam as conseqüências

Dos vôos da juventude...