VISAGENS DE GOTEIRA EM SOBRADOS DE SOL

As cigarras afinam seus violões nos bigodes da tarde.

Em cordões de centopéias, amarram-se os sapatos.

E todos caminham sem pressa,

correndo do nada,

feito rio engolido de sapo.

Um grãozinho de tristeza lumiou por aquelas bandas.

E quem viu, emagreceu de dor.

Quase igual aquele menino que acabou não sendo.

Mija na cama quem assopra a brasa da noite.

Bodoque e gaiola desaprendem voar de passarinho.

E cavalo de pau de venta empinada relincha cupins.

Eu queria uma sombra desse jeito: assombração.

(.......................)

Dessa história, nem um terço.

Era uma vez uma tarde preguiçando rezas e tanajuras.

E uma velha viúva ninando pastéis em tachos de chuva.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 20/01/2012
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T3450922
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