VISAGENS DE GOTEIRA EM SOBRADOS DE SOL
As cigarras afinam seus violões nos bigodes da tarde.
Em cordões de centopéias, amarram-se os sapatos.
E todos caminham sem pressa,
correndo do nada,
feito rio engolido de sapo.
Um grãozinho de tristeza lumiou por aquelas bandas.
E quem viu, emagreceu de dor.
Quase igual aquele menino que acabou não sendo.
Mija na cama quem assopra a brasa da noite.
Bodoque e gaiola desaprendem voar de passarinho.
E cavalo de pau de venta empinada relincha cupins.
Eu queria uma sombra desse jeito: assombração.
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Dessa história, nem um terço.
Era uma vez uma tarde preguiçando rezas e tanajuras.
E uma velha viúva ninando pastéis em tachos de chuva.