PRA REFLETIR NO CREPUSCULO

Ninguém morre mesmo

A morte é uma grande farsa

É a presença dos ausentes

Que nos faz falta de verdade

Nós é que nos matamos de graça

Assassinados por inimigos sutis

Bebendo no charco de suas taças

Entrincheirados dentro de nossa raça

Não morrer é sofrer sobrevivendo à mera sorte

E viver é sofrer mais imaginando o que seria a morte

Somos caçados por longevidades que no céu se talha

Aposente-se e serás investigado como numa batalha

O corpo é só uma veste ancestral, um aporte

Um macacão que vestimos um mero agasalho

E saímos pulando de galho em galho

A mortandade é o nome que deram

Pro nosso desaparecimento no fim da tarde

No planeta dos macacos de Darwin...

Não que tenhamos morrido de verdade

Se não sei quem sou

E se não falo tupiniquim

É por que não sei de onde vim

São as pessoas indigitadas do paletó preto

Inimigos cruéis do rodízio do viço

Que ainda não acharam o nosso esconderijo

E quando nos acharem em nosso sumiço

Outros buracos farão nas veias azuis do queijo suíço!

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 18/01/2012
Código do texto: T3448258
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