PRA REFLETIR NO CREPUSCULO
Ninguém morre mesmo
A morte é uma grande farsa
É a presença dos ausentes
Que nos faz falta de verdade
Nós é que nos matamos de graça
Assassinados por inimigos sutis
Bebendo no charco de suas taças
Entrincheirados dentro de nossa raça
Não morrer é sofrer sobrevivendo à mera sorte
E viver é sofrer mais imaginando o que seria a morte
Somos caçados por longevidades que no céu se talha
Aposente-se e serás investigado como numa batalha
O corpo é só uma veste ancestral, um aporte
Um macacão que vestimos um mero agasalho
E saímos pulando de galho em galho
A mortandade é o nome que deram
Pro nosso desaparecimento no fim da tarde
No planeta dos macacos de Darwin...
Não que tenhamos morrido de verdade
Se não sei quem sou
E se não falo tupiniquim
É por que não sei de onde vim
São as pessoas indigitadas do paletó preto
Inimigos cruéis do rodízio do viço
Que ainda não acharam o nosso esconderijo
E quando nos acharem em nosso sumiço
Outros buracos farão nas veias azuis do queijo suíço!