TATU NÃO SE CASA EM DIA DE SOL
Minha boca viu isso tudo.
Um grilo cantando de sono.
A panela de ferro costurando incertezas.
E a canoa furada de estrelas espreguiça por entre as beldroegas.
Jaburu tem gosto de sombra.
Guarda-chuva não guarda segredo.
Bosta de urubu, diz o gambá, tem perfume.
E eu espanto os arrozais para ninar passarinhos.
No bico das tristezas cegonhas se enferrujam.
Aboio de porcos no quintal.
De galinhas, sei apenas os ovos azuis.
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O sereno orvalha tudo, menos a rede balançada de lembranças.
E eu costurando o vento com essas agulhas de melancolia em pó.
Mas desconfio mesmo
é que ando lendo muito as árvores que brincam de joão de barro...