TATU NÃO SE CASA EM DIA DE SOL

Minha boca viu isso tudo.

Um grilo cantando de sono.

A panela de ferro costurando incertezas.

E a canoa furada de estrelas espreguiça por entre as beldroegas.

Jaburu tem gosto de sombra.

Guarda-chuva não guarda segredo.

Bosta de urubu, diz o gambá, tem perfume.

E eu espanto os arrozais para ninar passarinhos.

No bico das tristezas cegonhas se enferrujam.

Aboio de porcos no quintal.

De galinhas, sei apenas os ovos azuis.

(...................................)

O sereno orvalha tudo, menos a rede balançada de lembranças.

E eu costurando o vento com essas agulhas de melancolia em pó.

Mas desconfio mesmo

é que ando lendo muito as árvores que brincam de joão de barro...

José de Castro
Enviado por José de Castro em 16/01/2012
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T3443246
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.