LOUCO SÃO OS HOMENS
Espetar sentimentos
Na ponta do lápis que tatuam no papel,
Sua fragilidade das marcas da vida,
Requer intimidade com seu EU...
Transformar as palavras em poesia
Requer vulnerabilidade
Dos músculos estriados
Que alongam as fibras ruminando
O sentido da inquietação...
O velho corpo escrita,
Pulsa em movimentos compassados...
Senta e levanta,
Estica e encolhe,
Arca e alonga,
Regurgita e engole...
Ah, como é lindo o bailar da escrita,
Como um corpo lascivo,
Exala respiração...
Desliza pelas veias o rubor da expressão,
Excreta das entranhas
O que há de mais vil...
Esse corpo que sustenta,
Ampara e equilibra,
É o mesmo que fere a folha
Feito as cicatrizes deixadas pelas feridas
Sofrer agora é condição
De uma estrutura em evolução...
O corpo que chora
Já não é o mesmo que ri,
O corpo que escreve
Já não é o mesmo que apaga...
O corpo que escuta
Já não é o mesmo que eu vi...
Ah!
Esse corpo que pensa que escrever é pra si,
Vai da gloria ao inferno,
Quando se nega a ouvir...
Esse corpo que implora quando seu único desejo
É sentir...
Um corpo duo, de doar e pedir,
Doa em forma de palavras o escutar e o porvir...
O escutar que vem do outro,
O porvir que vem de si,
São formas diferentes de chorar ou de sorrir...
Qual pedra que rola a ribanceira
Vem arrasando o sentido de existir...
Esse sentido que vem da alma
Que o corpo persiste em insistir...
Alguém diz que: a alma não será pequena enquanto tudo valer a pena.
Mas também mente quem diz que escrever nos torna livre,
Deixa a alma mais serena...
Ledo engano!
Escrever requer corpo,
Pois é, assim que se suporta
A fúria dos monstros que habitam o ser humano...
Esses monstros são gatinhos
Quando brincalhões e reservados,
Atrevidos e recatados,
Melindrosos ou modestos
Se tornam malabaristas das cordas bambas acima do inferno...
Quando revoltos parecem desumanos,
Cruéis e mal nascidos,
Descomunais abomináveis,
Capazes de destruir o que resta do universo...
Como pode o corpo escrita,
Habitat das idéias,
Expressões e sentimentos
Manifestar-se nesse silêncio
A fúria interna humana qual vulcão em erupção?
Loucos são os homens quando ainda primitivos
Aprendem na escrita a desenhar seu próprio nome...
E nas telas do alfabeto,
Suas historias vão passando,
Jogam sobre o solo a sua essência...
Lastram no papel a inconsciência
Para não perder a esperança...
Se é a esperança a ultima que morre,
Porque matar a idéia na folha alva da vida
Como se nessa folha estivesse a cura de suas mazelas?
Se o homem tem um corpo,
É nesse corpo que co habita,
Que ficam as marcas de uma vida preterida...
Esse corpo que faz escrita
É a matéria que guarda o sentido de sua vida...
Esse corpo que evolui e morre
É o mesmo corpo que encolhe
Quando suas palavras são tolhidas.