Desdobramentos

Buscou um feixe da luz da possibilidade onde o impossível era uma certeza. E driblou o tempo, e sapateou nas dificuldades, e alimentou as esperanças… Fez do sonho ponto de partida e da realização linha de chegada. Foi sem medo, mesmo sem saber se haveria volta ou se precisaria voltar. Arriscou. Pagou pra ver e viu. Sem represar as emoções, deu a cara ao tapa e não apanhou; pelo contrário: bateu! Bateu em muitos sem usar sequer um dedo. Mostrou que quando o querer é uma vontade, pode-se cada vez mais, cada dia mais, e cada momento se faz sempre maior.

Preencheu as lacunas e recarregou-se de uma qualquer coisa que, independente de adjetivos ou espaços, poderia levar longe. Foi longe! Chegou longe, apesar de muitos acreditarem que não havia saído do lugar… E viu muito mais, e viveu muito mais. E conquistou tanto que nem sabia ao certo que tantos eram. Nas curvas impostas, encontrou a retidão; nos despenhadeiros descobertos, encontrou o equilíbrio; nas palavras faladas fomentou força, e nas que se calaram com o tempo, mostrou a realidade e a diplomacia de quem sabe ser, de quem de fato é.

Quando a chuva na alma insistiu em cair, abrigou-se dentro de si esperando pela calmaria. Quando a calmaria se estendeu além do previsto, provocou suas próprias tempestades pra brilhar no reflexo dos raios e explodir ao som de seus trovões. Quando o sol, misto de benevolência e crueldade, esquentou demais, cresceu. Cresceu e fez sua própria sombra, dando guarita aos que não dispunham de uma. Nas perdas, viu começar a reconstrução; e as lágrimas que despejou limparam o caminho para o que mais pudesse vir.

E foi mais. Frente aos enfrentamentos, foi muito mais que antes, foi muito mais que sempre. Fez do futuro um presente mágico, sem amarras do passado, mas com todos os caprichos do tempo que viu desabrochar. Sem abstrair as igualdades, se fez desigual; sem domesticar instintos, se fez mais gente; sem medir palavras, se fez voz; sem esquecer as mentiras, se fez verdade. Na vida, da vida, capturou vida e consolidou incertezas. Desprezou o previsível e deu as devidas asas ao improvável; perdeu o receio do nada e, enfim, encontrou o tudo em um todo exclusivamente seu.

Barbara Nonato
Enviado por Barbara Nonato em 12/01/2012
Código do texto: T3437172
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